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quinta-feira, 21 de abril de 2011

O paradoxo da internet

Pessoas acessam o Orkut, o Messenger, Twitter, Face book, entre outros sites, todo o tempo. Divertem-se, até ilicitamente, conhecem pessoas e, até mesmo, iniciam relacionamentos. É bem verdade que pessoas também desfrutam da internet como ferramenta de trabalho, estudo, para efetuar compras ou pagamentos e, na maioria dos casos, para um lazer sadio. Porém, será que a internet esta sendo bem ou mal usufruída? Estará ela evoluindo nossa psique ou atrofiando-a?
Imaginemos, por exemplo, um indivíduo que more no interior e não tenha acesso à internet em sua residência, afinal, essa é uma realidade ainda muito comum; nesses casos, os interessados em participar do mundo virtual, recorrem as, já conhecidas, lan house. No entanto, esses ambientes não oferecem, em sua grande maioria, uma estrutura adequada. Desta maneira, quando, por exemplo, esse indivíduo, necessitar organizar um importante trabalho acadêmico, terá ele condições? Prosseguimos com a imaginação; ao adentrar em uma destas lan house, dentre os computadores existentes na lan house um esteja ocupado por uma criança jogando um game online, outro computador esteja sendo utilizado por uma adolescente que, simultaneamente, enamora, virtualmente, três ou quatro rapazes, desconhecidos, talvez, por uma rede social, causando uma orquestra de avisos sonoros ininterruptos. No terceiro e penúltimo computador presenciamos um jovem assistindo, sem escrúpulos e tranquilamente, quase num ato trivial, as peripécias de Vivi Fernandes – atriz muito conceituada na área pornográfica – mas, enfim, o indivíduo avista o último computador e, “que sorte!”, esta vago. Entretanto, ao acomodar-se e solicitar que libere uma hora em créditos – forma como trabalham a maioria das lan house; pague um valor pré-determinado e usufrua um tempo preestabelecido – o atendente lhe informa a impossibilidade de uso daquela máquina, pois, a mesma esta em manutenção. Contudo, o indivíduo toma ciência, no momento, que restariam apenas vinte minutos de créditos para o segundo computador e, sendo assim, decide, sem ter outra opção, esperar. Ao passarem-se os vinte minutos, já se preparando, o indivíduo ouve uma voz, que atinge os tímpanos como uma agulha de costura, que dizia:
_ “Poe mais uma hora ae vei.”
Ao olhar em direção do atendente, com a esperança de ouvir algo favorável, recebe, como afago, a informação que o computador um só restam mais dez minutos de créditos. Mais uma vez, o indivíduo aquieta-se e aguarda pacientemente, quase refém do sistema.
Olho no relógio, olho no atendente; dez minutos passaram-se. Sem dar chance de reação ao indivíduo, a criança, que brincava com o game online, no computador um, decreta a vontade de mais uma hora de créditos. Imediatamente, o usuário do computador três solicita que acrescente cinqüenta minutos em seus créditos. Será possível, para nós, imaginarmos esta situação e compadecermos desse indivíduo? Talvez; não como deveríamos. Porém, não poderíamos nada fazer, assim como ele não pode. Seria esperar ou desistir.
Portanto, para todos aqueles que usufruem da internet somente como lazer, passam horas em redes sociais, distraindo-se com games online, assimilando futilidades, quando não imbecilidades, o mercado virtual, com suas tantas/varias opções, esta “bombando”. Em contra partida, os sites que oferecem conteúdos acadêmicos, científicos, didáticos, enfim, conhecimentos, estão, a cada dia, mais raros e os poucos que ainda sobrevivem, comparando-os os números aos dos segmentos de lazer, pornografia, redes sociais e etc., estão falindo devido ao baixo acesso diário; pois é este o principal meio de manter-se.
Existem, teimosos e raros, quem adoraria que todo o conhecimento que necessitamos buscássemos apenas nos livros; românticos talvez! Todavia, é, imensurável, um desperdício tanta tecnologia e potencialidade se usufruída total e exclusivamente com futilidades, leviandades e outras coisas mais que me arrepiam por medo de somente pronunciá-las. Seria possível adquirimos conhecimentos e, consequentemente, crescermos, fisicamente ou didaticamente, lendo fofocas sobre a vida de artistas? Depende de quem lê, mas, não entrarei neste mérito. Porém, não desejo este mal para meus próximos, cujos, selecionados foram por suas competências literárias, didáticas, psiques...
... Uma nação sem conhecimento e, como reflexo, sem possibilidade de crescimento, uma sociedade estranha a si mesma, afinal, o contato humano, presencial, olho no olho, seria cada dia mais raro; irmãos conversando somente por sites de mensagens instantâneas, mesmo que estejam separados por uma única parede, parece ser o ponto de chegada dessa sociedade, deste povo internauta, que consome vida online; qualquer vida. Viveríamos como fantoches, controlados por um mouse e um teclado.


Ângelo Felisbérto



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